Como o Jaime, no comentário ao artigo anterior, muitos não eram adeptos da Selecção Nacional na era pré-Scolari.
Pode falar-se então do «efeito Scolari»? Parece-me que sim.
Os resultados são importantes, e, a bem da verdade, Scolari ainda nada venceu. Mas colocou com regularidade a nossa Selecção no galarim do futebol europeu e mundial. Trouxe-lhe crédito e firmou-a entre as 10 melhores selecções do mundo. Mais: teve absoluta influência na mobilização do povo Português em redor da selecção, prova que a sua sugestão de "uma casa uma bandeira" mereceu dos tugas a anuência imediata.
Scolari, pela sua personalidade, nem sempre simpática, é certo, teve quanto a mim um enorme mérito: o de bloquear a selecção à promiscuidade que até aí se verificava. Às "Paulas" nos estágios, ás cedências de pressões dos lobbies dos empresários e dos clubes na promoção dos seus jogadores na selecção, às convocatórias por simpatia dos "Paulos Sousas", à indisciplina e ao social-porreirismo reinante.
Aliás, o futebol português foi de facto um baluarte na inovação. Só lembrar que fomos para um Europeu com 4 treinadores (1984) e que tivémos, poucos anos depois, um advogado, Rui Seabra, como seleccionador, coloca-nos no topo do mundo em matéria de inovação patética.
E é bom relembrar que Scolari apanhou a, para alguns dramática, fase do desaparecimento da "geração de ouro", gerindo com eficácia essa pré-anunciada catástrofe do abandono dos Figos e dos Rui Costas. Aconteça o que acontecer amanhã, a resposta está dada. Vice-campeão europeu e semi-finalista do mundial não são um mau cartão de visita, num país onde o futebol, anda pelo menos a um ano luz dos melhores do mundo.
Como treinador, sob o ponto de vista táctico não é dos que mais me agrada, mas como gestor da máquina da selecção, foi do melhorzinho que por cá passou.
Senão for até p'rá semana, até sempre Scolari.
